Nascida e criada em Portugal. Já morei na Polónia, no Brasil, na República Checa e agora é a Suécia que me acolhe.
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Born and raised Portuguese. I have lived in Poland, Brazil, Czech Republic and now I'm in the beautiful Sweden.
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quarta-feira, 8 de janeiro de 2014

Ciência também é política

Longe vão os tempos em que se suava a camisola por amor à profissão. Penso que é assim em todas as áreas mas só posso falar na minha, pois é a realidade que conheço. Parece que são cada vez menos os cientistas que fazem investigação científica porque querem inovar e melhorar o mundo e são cada vez mais aqueles que só trabalham para aumentar o número de artigos. Na maioria dos casos a culpa nem é do próprio cientista, mas sim da pressão exercida para publicar x artigos por ano. Esta pressão vem do facto de se querer subir na carreira ou de se procurar um novo emprego, pois no curriculum não conta o mérito do investigador mas sim o número de artigos publicados, ou das instituições que cedem as bolsas de investigação que exercem pressão e ou se publicam 10 artigos por ano ou se perde a bolsa. O resultado são artigos escritos à pressa, relatórios de experiências incompletas, ou em vez de se publicar tudo num artigo publica-se em passos, para assim render logo 2 ou 3 artigos. 

Além disso, também é importante e conta bastante a revista onde esse artigo foi publicado e quantos pontos (o chamado factor de impacto) tem essa revista. Tudo seria ainda minimamente justo se fossemos todos politicamente correctos e éticos, mas não... vêem-se artigos bons em revistas que ninguém lê só porque surgiram de um grupo que não é conhecido, e vêem-se grandes tretas publicadas em grandes jornais, que ninguém compreende como foram lá parar.

E como é que as revistas conseguem bons factores de impacto? Esse número é baseado no número de vezes que os artigos dessa revista foram citados noutros artigos. Ou seja, se os artigos são bons e toda a gente lê, eles servem de referência a muitos outros trabalhos e a revista ganha pontos por isso. O que eu não sabia e fiquei a saber hoje é que também as revistas têm editores muito pouco éticos, que usam métodos muito pouco ortodoxos para fazerem a sua revista subir. O meu grupo enviou um artigo para publicação e o editor respondeu que estava bom e poderia ser aceite desde que melhorássemos algumas coisas. Uma delas é que devia haver mais discussão na área da revista e que deviam ser citados mais artigos da mesma. Assim à descarada! Então é assim que algumas revistas sobem de estatuto? Senti-me desiludida e até chantageada, pois se não o fizer o meu artigo não sai, independentemente de ter tido excelentes respostas dos revisores. Por mim, tínhamos respondido "não obrigado, vamos publicar noutro lado". Mas não sou eu que tomo estas decisões...

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